Luciano Fraga tinha uma mercearia/café nos Fetais, freguesia da Piedade na Ilha do Pico.
Luciano Fraga, Maria Leal e Arlete Fraga
Lá, juntava-se muita gente, confraternizavam jogando à cartas, brindando com vinho, Aguardente ou Angelica e conversavam sobre coisas antigas.
Luciano, começou a espalhar pela freguesia que tinha um livro de “segredos” e nele tinha descoberto um pó especial chamado “Pó de Bem Querer” que facilitava a aproximação dos rapazes às raparigas para namorarem com as mesmas.
Foi ganhando fama e certo dia aparece na mercearia, um rapaz a quem vamos chamar ficticiamente “Hildeberto” que queria comprar o “Pó de bem querer” pois estava apaixonado por uma rapariga de famílias ricas das Lajes do Pico mas esta não queria nada com ele.
Luciano disse-lhe que naquele momento não o tinha disponível pois o mesmo tinha que ser feito à noite num quarto escuro para ter o efeito desejado.
Mas o “Hildeberto” tanto foi insistindo, até já dizia que pagava o que fosse necessário, que Luciano disfarçadamente debaixo do balcão misturou farinha numa caixa que continha pó de arroz e entregou-a ao rapaz.
“Hildeberto” ficou muito contente e perguntou quanto devia. Luciano respondeu-lhe que como era a primeira vez que este o procurava, que não iria cobrar nada mas que era um segredo e que não poderia ser revelado à toa.
Explicou-lhe que deveria colocar o pó dentro do livro da escola da tal rapariga e que quando esta o abrisse, iria dizer-lhe que estava apaixonada e queria casar com ele.
Passaram-se 15 dias e Luciano teve que ir às Lajes do Pico, à loja do pai da tal rapariga e estranhou este não lhe dirigir a palavra. Perguntou-lhe se estava chateado com ele e nada… Voltou a perguntar e o pai da rapariga disse que ele tinha dado o “Pó de bem querer” ao Hildeberto e que agora a filha estava apaixonada por ele e não saía da casa dele!
Luciano contou que lhe tinha dado o “Pó de bem querer” mas que não sabia que se tratava da filha dele. Ficou tudo esclarecido.
Quando Luciano se ia embora, passou junto a um grupo de estudantes e apontando para ele, estes disseram:
“- Foi este, foi este que deu o “Pó de bem querer” ao “Hildeberto”.
Batiam palmas e o Hildeberto ia envergonhadíssimo na frente do grupo.
Afinal, Luciano não soube se chegaram a casar mas a farinha misturada com o pó de arroz, ou seja, o tal “Pó de bem querer”, ainda apaixonou e fez com que alguns casassem…
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